4 iniciativas do ACNUR para apoiar mulheres e meninas refugiadas no Brasil

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) alerta que a falta crítica de financiamento está deixando mulheres e meninas refugiadas e em necessidade de proteção internacional em risco sem precedentes.

No Brasil, há mais de 820 mil pessoas em necessidade de proteção internacional¹ e deste total, mais de 45% são mulheres e meninas². Elas enfrentam desafios e riscos desproporcionais quando são forçadas a se deslocar, que podem incluir acesso limitado à educação, saúde e oportunidades de subsistência, bem como aumento do risco de violência. Considerando estas e tantas outras barreiras, o ACNUR tem construído sua atuação com escuta e proximidade às mulheres atendidas, a fim de que elas possam participar ativamente moldando e tomando decisões sobre as soluções que impactam suas vidas. 

Conheça algumas iniciativas que apoiam mulheres e meninas refugiadas ou em necessidade de proteção internacional no Brasil:

1. Organizações lideradas por refugiadas

Em 2024, foram mapeadas 20 e, deste total, 14 receberam aporte financeiro do ACNUR para que pudessem seguir com atendimentos e prestação de serviços às suas comunidades. Fortalecer estas organizações garante que as soluções reflitam as necessidades locais e que sejam sustentáveis e eficazes.

2. Empoderando Refugiadas: capacitação e emprego

Mulheres dos mais diversos perfis são contempladas em iniciativas que fomentam educação e geração de renda, seja por meio do trabalho formal, empreendedorismo ou primeiro emprego. O programa Empoderando Refugiadas, realizado pelo ACNUR, ONU Mulheres e Pacto Global – Rede Brasil, há dez anos capacita mulheres para a inclusão no mercado de trabalho brasileiro e sensibiliza o setor privado para a contratação. O projeto se conecta à Estratégia de Interiorização, visto que muitas refugiadas abrigadas em Boa Vista conquistam uma vaga de emprego em outra cidade.

A venezuelana Adriana foi representante de sua turma e discursou na formatura do programa Empoderando Refugiadas, realizada pouco antes do Dia Internacional da Mulher

Adriana é uma destas mulheres. Ela se formou na primeira turma do Empoderando Refugiadas de 2025 e foi porta voz das participantes na formatura que ocorreu dia 6 de março em Boa Vista. Em seu discurso, ela celebra que mesmo antes de concluir os estudos, já havia sido aprovada para uma vaga de trabalho e será interiorizada com os dois filhos para o Paraná.

“Apesar de muitas pessoas verem como impossível que uma mãe de dois filhos pequenos possa conseguir alcançar suas metas neste país, quero servir de exemplo e mostrar que sim. Se colocamos empenho, fazemos as coisas da maneira certa, se nos deixamos guiar corretamente, vamos conseguir”, celebra Adriana. A 10ª edição do Empoderando Refugiadas foi lançada em fevereiro e deve formar 200 mulheres em 2025.

3. Mujeres Fuertes: refugiadas empreendedoras

Um premiado projeto desenvolvido em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT-AM/RR), organização Hermanitos e com apoio do Tribunal Regional do Trabalho da 11.ª Região, capacita mães-solo ou chefes de família refugiadas para alcançarem a autonomia financeira por meio do empreendedorismo – por vezes, a única alternativa encontrada pela mulher para conciliar os cuidados de suas famílias com a necessidade de geração de renda.

As participantes recebem materiais de trabalho, assistência financeira e acompanhamento durante a fase inicial do empreendimento. O impacto disso pode ser percebido na plataforma Refugiados Empreendedores, que anuncia 169 pequenos negócios de pessoas refugiadas. Destes, quase 60% são empreendimentos de mulheres.

4. Jovens em Ação: a preparação para o primeiro emprego

Com os mesmos parceiros do Mujeres Fuertes, foi criada a iniciativa Jovens em Ação, que oferece uma jornada formativa voltada para a conquista do primeiro emprego, pensando também nas jovens de 14 a 22 anos. Investir em educação, saúde e oportunidades econômicas para mulheres e meninas deslocadas é um poderoso catalisador para a transformação econômica. Para o Representante do ACNUR no Brasil, Davide Torzilli, as iniciativas reforçam o compromisso com a proteção de mulheres e meninas refugiadas.

“Em 2025, estamos priorizando programas para prevenir e responder à violência contra mulheres e meninas deslocadas à força e apátridas; para apoiar sua resiliência e subsistência; e fortalecer organizações lideradas por elas.  Assim, seguimos apoiando e implementando também o Plano de Aceleração da Igualdade de Gênero da ONU, uma estratégia abrangente para orientar as Nações Unidas e suas entidades a atuarem de forma eficaz em benefício das mulheres e meninas”.

Davide Torzilli, Representante do ACNUR no Brasil

Lembramos que mulheres e meninas deslocadas não são apenas sobreviventes; elas são líderes e agentes de mudança. Devemos manter e aumentar o investimento em sua segurança, educação e empoderamento econômico para quebrar esses ciclos viciosos de violência e promover mudanças duradouras.

Fonte: ACNUR/ONU.