Feira celebra cultura afegã e promove convivência pacífica em São Paulo

Quarta edição da Feira Imigração em Cena contou com apoio do ACNUR e promoveu apresentações musicias, oficinas, artesanato, mostra de filmes, dança e gastronomia.

A promoção da cultura e da convivência pacífica entre pessoas afegãs e as comunidades de acolhida no Brasil. Foi com este convite que mais de 600 pessoas prestigiaram a última edição da Feira Imigração em Cena, realizada no domingo, 14 de dezembro, em São Paulo.

O evento foi uma oportunidade para conhecer a gastronomia, o artesanato, a música e a dança, além de ter contato com empreendedores afegãos que estão construindo suas vidas no Brasil. A Feira foi promovida pelo Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC), em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Fundação Nacional de Artes (Funarte), Organização de Resgate de Refugiados Afegãos (ARRO), Organização Internacional para as Migrações (OIM), Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (FAMBRAS) e Rede Sem Fronteiras.

“Nós, do ACNUR, estamos muito felizes por poder contribuir com esse momento”, ressaltou a chefe do escritório do ACNUR em São Paulo, Maria Beatriz Nogueira. “O objetivo do evento foi trazer a comunidade afegã de São Paulo e região para se integrar em rede e provar que a integração aqui no Brasil não é só trabalho e idioma, é também arte, empreendedorismo e protagonismo dessas populações”, completou.

“Nosso objetivo foi valorizar a comunidade afegã, que é uma das mais recentes aqui no Brasil. Buscamos aprender sobre a cultura afegã, sua gastronomia, sua arte, e compartilhar isso com os cidadãos da cidade de São Paulo, tornando essa comunidade cada vez mais parte constituinte dessa grande metrópole”, destacou o fundador do CDHIC, Paulo Illes.

Para o presidente da ARRO, Shabir Ahmad Niazi, o sucesso do evento refletiu na integração e em trocas importantes para a comunidade afegã. “Ficamos muito felizes com esse evento, que trouxe nossa cultura, nossa comida, nosso povo para o coração de São Paulo. Todos os produtos vendidos foram feitos pelas mãos do povo afegão que está em São Paulo”, comemorou.

O evento foi aberto ao público e contou com o apoio das organizações para levar pessoas afegãs de diferentes centros de acolhimento para o evento. No total, mais de 210 pessoas afegãs estiveram presentes, incluindo empreendedores que puderam expor e comercializar seus produtos.

O artista Mohammad Reza esteve entre os empreendedores que expuseram e comercializaram produtos na feira

O artista Mohammad Reza esteve entre os empreendedores que expuseram e comercializaram produtos na feira

© ACNUR / Paola Bello

Mohammad Reza está há dois anos do Brasil e viu na feira uma oportunidade de promover a cultura afegã e gerar renda. “Logo que cheguei, eu não conseguia vender as minhas pinturas. Mas eu amo muito o Brasil, quero ficar e trazer minha família. Então, fui entender melhor o tipo de arte que as pessoas gostam. Agora eu consigo vender e manter a minha arte, que é diferente, é uma pintura que homenageia meu país”, conta. Para ele, espaços como a feira promovida são essenciais para aumentar o conhecimento sobre seu país. “É muito importante feiras como essa porque tem muitos brasileiros que não sabem nada sobre o Afeganistão, que não sabem nem onde fica o nosso país. Então, nessa feira, podem saber mais, podem conhecer nossa cultura. Eu adorei.”

Apoio e integração

Atualmente, o Brasil acolhe mais de 7,3 mil pessoas afegãs que necessitam de proteção internacional – a quarta maior população, atrás apenas de venezuelanos, haitianos e cubanos. Durante a feira, pessoas afegãs também receberam atenção especial no esclarecimento de dúvidas e orientações sobre documentação. O atendimento foi feito por equipes do ACNUR e de parceiros durante todo o dia.

O apoio dado pelo ACNUR para a realização do evento faz parte das atividades previstas na parceria com Islamic Refief USA. Anunciada em setembro, o objetivo da parceria é fortalecer a inclusão de pessoas afegãs que buscam proteção no Brasil. Entre as iniciativas alcançadas pela parceria estão atividades culturais e de convivência pacífica, como a feira, além de ensino da língua portuguesa, assistência jurídica, aconselhamento sobre o mercado de trabalho, promoção de oportunidades de emprego formal, revalidação de diplomas, prevenção da violência baseada em gênero e apoio à saúde mental e psicossocial.

Fonte: ACNUR/ONU.